sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Nazaré: Cardeal-Patriarca exorta comunidade paroquial de Famalicão a fazer da igreja “morada de Cristo para muita gente”

D. Manuel Clemente pediu aos paroquianos de Famalicão, na Nazaré, que a sua casa de oração seja “morada de Cristo para muita gente”. Na Eucaristia comemorativa dos 50 anos da construção da igreja paroquial e sagração do altar novo, no passado 14 de janeiro, o Cardeal-Patriarca garantiu que a evangelização acontece, porque quem tem uma experiência forte de Cristo, alimentada pela palavra e sacramentos, “não é capaz de a calar, oferece-a aos outros”.

“Para esta igreja paroquial de Famalicão, onde através do acolhimento que se faça, onde através da Palavra de Deus que se proclama, onde através da catequese e dos sacramentos, onde através de tudo seja a morada de Cristo para muita gente”, expressou D. Manuel Clemente, manifestando a sua “alegria” por presidir à celebração. No segundo contacto com a comunidade paroquial, este ano pastoral, o responsável lembrou ainda as “boas e gratas recordações” vividas nesta paróquia, em diversas passagens ao longo da sua vida sacerdotal e episcopal.

O Cardeal-Patriarca deu os parabéns ao padre Manuel Borges, que era o pároco na altura, e também “a todos os que aqui estão e os que já cá estavam e que ajudaram a erguer esta igreja”, nesta paróquia da Vigararia de Alcobaça/Nazaré, presentemente cuidada ao prior Paolo Lagatta, e ao seu coadjutor Salvatore Forte, ambos jovens sacerdotes italianos.

Testemunhado na primeira pessoa, o padre Manuel Borges recordou os tempos de pároco e explicou que há 50 anos a igreja passou de reconstrução para construção. “Quando começamos a obra para reconstruir, percebemos que não tinha capacidade, e então num mês, o secretariado do Patriarcado de Lisboa fez um novo projeto para construir a nova igreja, ficou apenas a torre que ainda se mantém, todo o resto é novo”, manifestou. Lembrando “o esforço maravilhoso” da comunidade e população da localidade, o sacerdote revelou que os 12 anos ao serviço das paróquias de Famalicão e de Alfeizerão, representaram “as experiências mais bonitas” da sua vida. O padre Borges recordando com saudade, agradeceu a todos, de modo particular aos que já partiram, e suas famílias, no auxílio da edificação da nova casa, “que ainda hoje se mantém acolhedora”.

D. Manuel Clemente foi recebido no adro da igreja em ‘guarda de honra’ pelos escuteiros e acólitos, descerrou uma placa comemorativa dos 50 anos da dedicação daquele templo, e deixou uma mensagem no livro de honra. O Cardeal-Patriarca de Lisboa recebeu ainda a oferta de uma Imagem de Nossa Senhora da Vitória, criada por uma artesã local.


“Pedir a Deus o dom da comunhão, para que todos nos tornássemos pedras vivas da Igreja do Senhor”

Em declarações ao Comércio & Notícias, o pároco Paolo Lagatta disse que a celebração dos 50 anos serviu para dar uma oportunidade à comunidade paroquial de se “entender novamente sob o espírito da comunhão”.

“De fato, antes de celebrar um acontecimento exterior, na medida que faz referência às obras de construção da igreja, foi importante um olhar mais interior: pedir a Deus o dom da comunhão, para que todos nos tornássemos pedras vivas da Igreja do Senhor”, sublinhou.

Paolo Lagatta revelou que recebeu “com grande alegria e surpresa” a presença do Cardeal-Patriarca D. Manuel Clemente nesta celebração, sendo que já tinha estado na tomada de posse, em setembro. Também importante, para o jovem presbítero, foi “a presença e o testemunho” do padre jubilado da Diocese de Santarém, Manuel Borges, pároco de Famalicão na altura da construção da igreja.

“Foi muito graças à generosidade do povo, que com muitos esforços e donativos, concluíram o projeto. Era conhecida a «campanha do ovo» onde cada família oferecia um ovo por semana para ser vendido de modo a angariar fundos para a construção”, realçou.

O jovem italiano caracterizou o dia festivo como um momento importante, evidenciando três razões ao Comércio & Notícias.

A primeira, para dar graças a Deus, e celebrar a missa como ponto alto. “A Eucaristia é precisamente esta resposta do homem à intervenção de Deus na história que salva. Ação de graças porque Deus suscitou ao longo dos tempos a fé, que se mantém hoje como testemunho visível da paróquia”, declarou.

“A importância de fazer memória, sem a qual, no dizer do Papa Francisco, perdemos a nossa identidade cristã”. Neste sentido, a paróquia criou uma exposição temática evocativa dos 50 anos da igreja, no centro pastoral, intitulada ‘nós somos as pedras vivas’. Este espólio reúne documentos, alfaias e imagens sagradas, divididas por várias áreas, desde do batismo, sacramento de iniciação cristã (com particular destaque à pia batismal), até à Eucaristia, “fonte e cume de toda a vida”, com uma reconstrução do altar antigo da igreja primitiva. Nesta exposição também se pode consultar arquivos históricos e sobretudo fotografias, concedidas pela população local.

Por último, o pároco explicou que a Páscoa de Jesus Cristo, da qual “o Evangelho é testemunha”, não é uma realidade “estática”, mas “dinâmica”, “pelo que não consideramos este momento como um ponto de chegada, mas como um novo ponto de partida, para que sempre e com mais vigor, o anúncio da Boa Nova possa chegar mais longe e faça da comunidade paroquial as pedras vivas, edificadas como Casa espiritual”.


João Polónia/Comércio & Notícias (texto)

(notícia João Polónia publicada no Comércio & Notícias a 26 de janeiro de 2018)


fotos - Paróquia Nossa Senhora da Vitória de Famalicão


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